Por Dr. Jamil Queiros – Ortopedista
CRM 5287640-2
Como ortopedista atuante na região de Campos dos Goytacazes e São João da Barra, tenho observado com preocupação o aumento significativo de acidentes de trânsito durante o verão. Este fenômeno, infelizmente recorrente, merece nossa atenção e ação imediata.
O verão traz consigo um aumento considerável no fluxo de veículos em nossas estradas. Somado a isso, o consumo de bebidas alcoólicas combinado com a direção resulta em uma perigosa mistura que tem custado vidas e causado lesões graves. Em minha prática clínica, as lesões mais comuns que atendo incluem fraturas de membros superiores e inferiores, lesões na coluna vertebral (principalmente nas regiões cervical e lombar), traumas torácicos e pélvicos, além de luxações e lesões ligamentares, como no joelho e ombro.
É alarmante notar que os jovens são as principais vítimas desses acidentes. Muitas vezes, eles se envolvem em situações de alta velocidade ou dirigem sob o efeito de álcool. A falta de uso de equipamentos de segurança, como cintos e capacetes, agrava significativamente as lesões. Além disso, a ausência de manutenção preventiva nos veículos é um fator que não pode ser ignorado.
Neste contexto, não posso deixar de ressaltar a importância crucial da duplicação da BR 356, que liga Itaperuna a Campos e de Campos a São João da Barra. Esta rodovia, vital para nossa região, tem sido palco de inúmeros acidentes graves ao longo dos anos. A duplicação não é apenas uma questão de melhoria na infraestrutura, mas uma medida urgente de saúde pública e segurança viária.
Um fator agravante que não podemos ignorar é o grande volume de caminhões de carga que se direcionam ao Porto do Açu, utilizando diariamente a BR 356. Este tráfego intenso de veículos pesados aumenta consideravelmente os riscos de acidentes, tornando o trânsito ainda mais perigoso para todos os usuários da via. A presença constante desses caminhões reduz a visibilidade, dificulta ultrapassagens e aumenta o desgaste do pavimento, criando condições propícias para ocorrências trágicas.
Com o aumento do fluxo de veículos, especialmente durante o verão e feriados, a BR 356 em sua configuração atual não comporta o volume de tráfego de forma segura. A duplicação permitiria uma melhor distribuição dos veículos, reduzindo significativamente o risco de colisões frontais, que são as mais letais. Além disso, facilitaria o trabalho das equipes de resgate em caso de acidentes, permitindo um atendimento mais rápido e eficiente às vítimas.
Para prevenir acidentes e minimizar os traumas, é essencial adotar medidas simples, mas eficazes: respeite rigorosamente os limites de velocidade; jamais dirigir sob efeito de álcool ou drogas; evitar o uso do celular ao volante; utilizar sempre os equipamentos de segurança, incluindo o cinto de segurança e, para motociclistas, o capacete; e realizar manutenção regular do seu veículo, especialmente antes de viagens longas.
Em caso de acidente, é crucial manter a calma e acionar imediatamente os serviços de emergência. Evite movimentar a vítima, especialmente se houver suspeita de lesão na coluna ou no pescoço. Prestar os primeiros socorros corretamente, como controlar hemorragias, pode fazer a diferença enquanto o socorro não chega.
Como profissional de saúde, defendo veementemente a necessidade de campanhas educativas mais incisivas, especialmente durante o verão. A educação no trânsito é fundamental tanto para motoristas quanto para pedestres. Acredito que parcerias entre governos, escolas e empresas privadas podem ajudar a disseminar essa mensagem de forma mais ampla e eficaz.
É importante ressaltar que a segurança no trânsito não é responsabilidade exclusiva dos motoristas de veículos leves. Os condutores de caminhões e veículos de carga também desempenham um papel crucial. É necessário que esses profissionais recebam treinamento adequado sobre direção defensiva e sejam conscientizados sobre os riscos específicos associados ao tráfego em rodovias como a BR 356.
Além disso, as empresas que utilizam a rodovia para transporte de carga devem ser incentivadas a adotar políticas de segurança rigorosas, incluindo a manutenção regular de seus veículos e o respeito aos limites de carga e velocidade. A fiscalização intensiva desses aspectos pelas autoridades competentes é fundamental para garantir o cumprimento das normas e a segurança de todos os usuários da via.
Finalmente, gostaria de deixar uma mensagem para todos os motoristas e motociclistas: o trânsito é um espaço coletivo, e cada atitude individual conta. Respeite as leis, dirija com responsabilidade e lembre-se sempre de que chegar com segurança é infinitamente mais importante do que a velocidade.
Neste verão, e em todas as estações, façamos nossa parte para tornar nossas estradas mais seguras. A prevenção de acidentes é uma responsabilidade compartilhada, e cada um de nós tem um papel crucial nessa missão. Ao mesmo tempo, se faz necessário que continuemos a pressionar as autoridades competentes para a realização da tão necessária duplicação da BR 356. Juntos, podemos reduzir significativamente o número de vítimas e garantir que mais famílias possam desfrutar de momentos felizes, sem a sombra da tragédia no trânsito.
Estatísticas revelam que rodovias públicas são mais perigosas
Em 2023, os acidentes de trânsito no Brasil aumentaram, totalizando 65.176 casos, com 12,6% mais feridos que em 2022. Rodovias públicas são 3,2 vezes mais perigosas que as privadas, tendo 34.650 acidentes em comparação a 30.526 nas concessionadas, segundo a Fundação Dom Cabral. Dados do Ipea indicam aumento de 2,3% nas mortes, ultrapassando 390 mil. A PRF registrou 17.579 sinistros com caminhões e 2.611 mortes. A PRF registrou 17.579 sinistros com caminhões e 2.611 mortes. Segundo o Portal do Trânsito, até junho de 2024, foram 29.435 sinistros e 2.906 mortes nas rodovias federais.